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Itapecerica da Serra

A cidade de Itapecerica da Serra conta com um agradável clima de montanha, em sua altitude de 920 metros. Dista 33 quilômetros de São Paulo. Conta com 126.600 habitantes dentro de sua área de 151,8 km2.

Limita-se com os municípios de Embu, São Paulo, Embu-Guaçu, São Lourenço da Serra e Cotia. Partindo de São Paulo, a sede é servida por duas estradas: Rodovia Régis Bitencourt e Estrada Itapecerica-Santo Amaro. A linha férrea da FEPASA, ramal Mairinque-Santos, corta o Município. A igreja, cuja padroeira é a venerada Senhora dos Prazeres, fora capela e, antes, choupana. Sua construção é do século XIX, sem muita alteração na parte externa, mas modificada no seu interior e com belas pinturas artísticas.

Itapecerica, no tupi-guarani, significa "pedra lisa, escorregadia". O acréscimo "da Serra" foi-lhe dado em razão de cidade homônima em Minas Gerais. Outrora, Itapecerica da Serra foi aldeia de índios, cujos registros marcam de fins do século XVII (1689), sem que se saiba do seu fundador.

Em 1827 torna-se Colônia Alemã. Em 20 de fevereiro de 1841, Itapecerica é elevada à categoria de Freguesia. Em 8 de maio de 1877 tem a sua autonomia político-administrativa, porque até então pertencia a Santo Amaro.

Itapecerica da Serra é sede de Comarca (instalada em 27-12-1964), abrangendo, além da Sede, os municípios de Embu, Embu-Guaçu, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra.


Origem

Existem duas versões sobre a origem de Itapecerica da Serra. A primeira delas foi relatada em 1752 pelo jesuíta Manoel da Fonseca no livro A vida do venerável padre Belchior de Pontes. Segundo esse relato, Itapecerica teria surgido a partir da instalação de um aldeamento catecúmeno seiscentista pela Companhia de Jesus.

Índios do aldeamento de Carapicuíba teriam sido transferidos para Itapecerica e entregues à orientação do padre Belchior de Pontes. Ordenado na Bahia em 1983, mas logo transferido para o sul, o padre Belchior teria sido escolhido para organizar o novo aldeamento por ser um conhecedor das línguas nativas, exercendo inclusive um papel intermediador entre indígenas e fazendeiros.

Uma outra versão sugere que o aldeamento de Itapecerica teria sido estabelecido já no século XVI, por volta de 1562, com o objetivo de apaziguar revoltas indígenas que culminaram com um ataque ao Colégio Piratininga. Embora menos aceita por não estar tão bem fundamentada em documentação histórica como a anterior, alguns historiadores reforçam essa versão ao proporem a datação da primeira capela do aldeamento como sendo meados do século XVI. Controvérsias ainda persistem devido à falta de documentação histórica, grande parte da qual teria sido destruída ou extraviada por ocasião da expulsão da ordem jesuítica do Brasil.

É consensual, no entanto, o fato de os jesuítas terem fundado importantes aldeamentos a partir do atual Bairro de Pinheiros, da capital paulista, em direção à Carapicuíba, Cotia, M'boy (Embu) e Itapecerica, abrindo espaço para a colonização branca.


Primeira fase da história de Itapecerica

Controvérsias sobre a origem à parte, a história de Itapecerica da Serra é normalmente dividida em duas fases: a primeira delas vai desde a fundação do aldeamento indígena até 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil. Nessa primeira fase, Itapecerica era uma das várias fazendas que pertenciam à ordem jesuítica, sendo portanto administrada diretamente pelos reitores do Colégio Piratininga. Os aldeamentos tinham inclusive a função de prover o Colégio.

Havia sido primeiramente povoada com a transferência de índios do aldeamento de Carapicuíba, devido ao esgotamento das terras nesse local, entre outras razões. Desde a expulsão dos jesuítas até o início do século XIX, há um período de decadência dos aldeamentos e também de São Paulo, já que um grande número de famílias, com seus índios forros e escravos, migraram para as Minas Gerais e Goiás. Em 1978 os índios são declarados vassalos libres, sendo abandonados à própria sorte e discriminados até como mão-de-obra. Porém, ainda no final do século XIX, a agricultura da cana-de-açúcar inicia um reaquecimento econômico de São Paulo, agora empreendendo cada vez mais mão-de-obra escrava negra africana.

Com os aldeamentos desestruturados e com características físico-geográficas de relevo marcadamente acidentado, o que, ao contrário de Cotia, não era favorável às atividades agrícolas, Itapecerica atravessou um período de isolamento. Décadas mais tarde, a chegada dos imigrantes alemães representou uma tentativa de reverter esse quadro.


Segunda fase de nossa história

A segunda fase da história de Itapecerica que se costuma identificar estende-se desde a vinda dos colonos alemães, em 1828, até nossos dias. Esta fase pós 1828 é tida como um processo de recolonização, uma nova fundação que teria redirecionado a história para os dias atuais.

A valorização dessa fase histórica é reforçada pela falta de documentação sobre a fase anterior. Mas este hiato histórico é questionado pelo geógrafo Pasquale Petrone, que argumenta existir, ainda na década de 1960, fortes traços herdados de uma cultura indígena, especialmente nas atividades agrícolas (Corrêa, 1999, p. 16).

O antigo aldeamento foi então transformado em colônia e os alemães ocuparam uma localidade denominada quilombo. Mas, novamente, as características paisagísticas de Itapecerica, com matas cerradas e relevo acidentado, mostravam-se mesmo mais adequadas para abrigar negros refugiados em quilombos do que para colonos europeus. Assim, a maior parte dos colonos alemães acabou deslocando-se para Santo Amaro.

Em 1841, a colônia foi elevada à categoria de Freguesia de Itapecerica pela Lei Provincial no 12, excluindo-se assim da jurisdição da Vila Piratininga e incluída na jurisdição da recém-criada Vila de Santo Amaro, à qual ficou subordinada por 36 anos.

Em 08 de maio de 1877, a Lei Provincial nº 33 eleva Itapecerica à categoria de Vila, atribuindo-lhe emancipação política e administrativa e, desmembrando-a da então Vila de Santo Amaro. Mas essa emancipação não apagou ainda os sinais de decadência que ainda marcavam Itapecerica desde a expulsão dos jesuítas.


Alguns aspectos da história recente

Apartir dos anos 60 do século XX, a instalação de um pólo industrial em Santo Amaro vai influir decisivamente na evolução demográfica ao sul da Região Metropolitana de São Paulo e conseqüentemente, em um segundo momento, no município de Itapecerica da Serra. Foi um erro administrativo criar um pólo industrial próximo a um reservatório de abastecimento, a represa do Guarapiranga (construída em 1908), sem nenhum planejamento para a intensa ocupação que certamente se seguiria.

Com a consolidação do pólo industrial na região de Santo Amaro e a construção das avenidas marginais do Rio Pinheiros, a expansão urbana voltou-se para o sul e grandes fluxos populacionais começaram a ocupar as áreas do entorno da represa. A grande pressão demográfica, associada à especulação imobiliária, começou a avançar atingindo a área municipal de Itapecerica, de início margeando as principais vias de acesso, mas se espalhando a partir daí. Na década de 70, a criação de uma rigorosa legislação ambiental que regulamentava a ocupação de áreas de mananciais, onde Itapecerica está situada, também foi um fator de grande influência na ocupação do Município. Por um lado, a Lei coibiu a instalação de indústrias, o que se fazia necessário. Por outro, a forma como a Lei foi imposta provocou a queda do valor de mercado da terra. Este fato, associado à falta de fiscalização e à morosidade administrativa, favoreceu a disseminação de empreendimentos imobiliários clandestinos e irregulares.

Entre 1970 e 1991, a população de Itapecerica cresceu 238% e hoje ultrapassa os 120 mil habitantes. Este aumento foi bem mais acelerado do que o da Região Metropolitana de São Paulo, que neste mesmo período acusou um acréscimo populacional de 89,7%.

Segundo dados da Emplasa (Empresa Metropolitana de Planejamento), Itapecerica abrigava em 1996 cerca de 110.196 habitantes em uma área de 136 km2. Isso resultava em uma densidade demográfica de 810,3 habitantes/km2, índice muito superior aos municípios vizinhos como Embu-Guaçu (247 hab/km2), São Lourenço da Serra (53 hab/km2) e Juquitiba (40 hab/km2). Essa alta concentração populacional associada a uma estrutura de relevo marcada por vertentes acentuadas; os mananciais que o município abriga; as recentes obras do rodoanel metropolitano, que certamente exercerá forte influência na região; tudo isso torna cada vez mais necessário um planejamento cuidadoso da ocupação e uso do território municipal.

Atualmente, o nível de vida ao sul e sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo que abrange, entre outros locais, Capão Redondo, Jardim Ângela, Cipó, Campo Limpo, além dos municípios de Itapecerica, Embu e Embu-Guaçu estão entre os mais baixos do Estado, o que se reflete em altos índices de violência.


O Futuro Próximo

A cidade de Itapecerica da Serra possui hoje muitas áreas que ainda podem ser preservadas. A preservação, a recuperação de áreas degradadas e a ocupação planejada são metas previstas na nova legislação ambiental. Se forem cumpridas, poderão reverter a história do Município.

Há também um grande potencial turístico que, se bem aproveitado, representará uma nova opção de desenvolvimento. Experiências recentes e de caráter inovador na área cultural podem, se forem ampliadas, ajudar a combater a violência e a exclusão social.

Itapecerica da Serra, ao contrário de outras áreas que já se encontram em níveis de degradação ambiental e social bem mais acentuados, possui nas mãos de seus próprios habitantes uma chance histórica de mostrar que é possível conciliar desenvolvimento com preservação ambiental e sem exclusão social, negando assim a condição de cidade dormitório e de periferia de São Paulo. Influências externas, a exemplo da globalização, sempre existem, mas não tiram dos homens e das mulheres que aqui vivem o poder de fazer sua própria história.